quarta-feira, 15 de junho de 2011

A Lenda da Guerra de Troia

A GUERRA SEM FIM (Guerra de Tróia)
A guerra de Tróia talvez nem tenha acontecido. Se aconteceu, a causa pode não ter sido o rapto de Helena. Como pode não ter existido o famoso cavalo de madeira que iludiu os troianos: quem sabe os gregos atacaram pelo mar.
"Quando a lenda fica mais interessante do que a realidade, publique-se a lenda". (John Ford, cineasta americano, pela boca do jornalista personagem do seu clássico O Homem que Matou o Facínora). Melhor exemplo dessa verdade não existe do que a Guerra de Tróia. Com seu cavalo fantástico, o rapto de Helena pelo apaixonado Páris, o herói Aquiles e seu calcanhar vulnerável, os deuses e as deusas do Olimpo assanhadíssimos, divididos entre gregos e troianos e fazendo, periodicamente, com que a sorte favorecesse um ou outro lado graças aos seus poderes divinos. Tudo isso está contado na Ilíada, poema épico de Homero, escrito aí pelo século IX a.C. Mais recente e quase tão fantasiosa quanto a lenda que pretende conferir, é a batalha travada há bem uns cem anos por historiadores e arqueólogos em torno do que haveria de verdade nos episódios narrados por Homero. A lenda conta que a guerra foi provocada pelo rapto de Helena, a filha de Tíndaro, o rei de Esparta. Helena era tão bonita, tinha tantos pretendentes, que seu pai já previa alguma coisa desse tipo, tanto que promoveu uma grande reunião de todos os interessados e obteve deles um compromisso: qualquer que fosse o escolhido por Helena, os demais se comprometiam a defender o casal contra as ofensas que pudesse sofrer.
Helena escolheu Menelau, que graças a essa preferência tornou-se, além de seu marido, rei de Esparta. E a vida correu feliz e serena até o dia em que Páris, filho do rei de Tróia, Príamo, conheceu Helena e por ela se apaixonou. Páris não tinha sido um dos pretendentes preteridos, não estava amarrado ao compromisso por Tíndaro, e fez o que era muito comum na época: raptou Helena e levou-a para Tróia. O gregos até que tentaram negociar e esquecer o episódio, mas os troianos não aceitaram. Assim, Agamenon, irmão do ofendido Menelau, convocou todos os antigos pretendentes à mão de Helena, lembrou-lhes o pacto de fidelidade e organizou a primeira expedição contra Tróia. Foram dez longos anos de luta em que a sorte ora pendeu para um lado, ora para outro. E acabou sendo Ulisses, um guerreiro grego sem nenhum poder extraordinário, a não ser uma cabeça fértil para inventar truques e expedientes, quem pensou no estratagema que os levaria à vitória: construir um grande cavalo de madeira, capaz de abrigar, em seu interior, alguns guerreiros.
Os troianos, que consideravam o cavalo um animal sagrado, recolheram o presente deixado diante do portão de suas muralhas, acreditando ser um reconhecimento da derrota por parte dos gregos, e passaram a noite comemorando a vitória. Os soldados escondidos dentro do cavalo aproveitaram a festa para sair, abriram os portões e Tróia foi invadida e destruída. Nasceu aí a expressão presente de grego

A Origem de Portugal



A ORIGEM DE PORTUGAL

Portugal e Espanha foram os países que mais se destacaram nas Grandes Navegações, sendo os portugueses pioneiros da expansão marítimo-comercial européia. Para entendermos os motivos desse pioneirismo, é necessário conhecer um pouco da história portuguesa.
A Península Ibérica foi habitada por inúmeros povos, como iberos, fenícios, gregos, cartagineses e romanos (conquistada por Roma no séc. III a.C., a península sofreu o processo de latinização).
No séc. V, durante as invasões bárbaras que assolaram o Império Romano, os Visigodos dominaram a região e, posteriormente, converteram-se ao Cristianismo.
No séc. VIII os Mouros, empenhados na Guerra Santa, atravessaram o Estreito de Gibraltar e conquistaram grande parte da península. Com a conquista muçulmana, os visigodos, agora um povo cristão, foram expulsos para o norte da península, onde organizaram um movimento para expulsar os invasores: as “Guerras de Reconquista”. Durante a Reconquista, surgiu Portugal.

O CONDADO PORTUCALENSE

No norte da península, os antigos visigodos fundaram vários reinos cristãos, como Leão, Castela, Aragão e Navarra. A Reconquista foi chefiada por D. Afonso VI, rei de Leão e Castela, auxiliado por D. Henrique de Borgonha, nobre francês. Este, como recompensa pela ajuda oferecida ao rei, recebeu a filha do soberano em casamento, além de lotes de terra. D. Henrique de Borgonha casou-se com D. Teresa, ganhando o Condado Portocalense, localizado ao sul do rio Minho. Como era comum naquela época, ao receber as terras, o nobre, além de genro, tornou-se vassalo de D. Afonso VI.
Com a morte de D. Henrique, o Condado Portucalense passou para seu filho, Afonso Henriques, que o libertou da vassalagem de Leão e Castela, tornando-se seu primeiro Rei. Sua coroação deu início à primeira dinastia de reis portugueses, a de Borgonha (1139 a1383), e foi responsável pelo surgimento do Reino de Porto Cale, mais tarde, Portugal.
Nesse período, os Mouros foram expulsos do antigo Condado Portucalense, cujo território foi ampliado, desenvolvendo-se a agricultura no interior e a pesca, no litoral. Os portugueses passaram a realizar intenso comércio com outros povos, como ingleses, flamengos e italianos. Algumas cidades portuárias, como Porto e Lisboa, transformaram-se em grandes centros comerciais e a economia deixou de se basear apenas na agricultura.
Enquanto Portugal afirmava sua soberania de reino independente em relação à Castela, surgiu um tímido feudalismo, que passou a conviver com uma classe de mercadores cada vez mais rica.

A REVOLUÇÃO DE AVIS

Com a morte de D. Fernando, em 1383, abriu-se uma crise de sucessão dinástica, uma vez que ele não deixou herdeiros homens. Tinha apenas uma filha, Beatriz, casada com o Rei de Castela.
Para a nobreza, era de grande importância que Portugal voltasse a pertencer a Castela, pois isto lhe traria grandes privilégios. Para a burguesia, porém, não havia nenhum interesse: a anexação poderia trazer obstáculos o seu desenvolvimento. Para o povo (chamado de arraia-miúda), a anexação era sinônimo de opressão.
Como conseqüência dos fatos, estourou a Revolução de Avis (1383-1385), considerada uma das mais importantes da história portuguesa. Na disputa pelo trono, formaram-se dois grupos: o primeiro, chefiado por D. Leonor Teles, viúva do Rei D. Fernando, recebeu apoio da nobreza lusitana. Ao ficar viúva, D. Leonor havia proclamado rei de Portugal seu genro, o Rei de Castela. O segundo grupo se opunha à anexação de Portugal por Castela. Chefiado por D. João, mestre da Ordem de Avis, e auxiliado pelo chefe militar Nuno Álvares Pereira, contava com o apoio da burguesia e do povo.
A revolução terminou em 1385, com a Batalha de Aljubarrota, sagrando-se vencedor o segundo grupo. D. João de Avis foi coroado rei, tendo início a segunda dinastia portuguesa, a dos reis de Avis (1385-1580).
Com a vitória de D. João, a nobreza foi dominada, uma vez que apoiara o grupo chefiado por D. Leonor Teles. A burguesia, que se colocara ao lado do Rei vitorioso, ascendeu ao poder, tornando-se grande aliada da Coroa.
Através da Revolução de Avis, Portugal transformou-se no primeiro Estado Moderno da Europa, uma Monarquia Nacional, onde o poder político estava centralizado nas mãos de um rei e não mais fragmentado nas mãos da nobreza.
Foi durante o governo dos soberanos da família real de Avis que a expansão marítimo-comercial portuguesa se realizou. Durante esse período, Portugal reuniu as condições necessárias para se formar a primeira nação européia a se lançar nos empreendimentos marítimos, pois contava com uma Monarquia centralizada, com um poderoso grupo mercantil, aliado da coroa e ansioso por expandir seus lucros com a abertura de novos mercados, e com uma excelente posição geográfica, além da ausência de conflitos internos e externos.
(Brasil- Recuperando nossa História- Antonio Carlos Meira)

Expansão Marítima Europeia - Resumo


REIS FORTES, BURGUESIA RICA, NAVIOS AO MAR

A expansão marítimo-comercial europeia, iniciada no século XV, resultou das transformações pelas quais a Europa atravessava, provocadas pela crise feudal e pelo advento do capitalismo. A Ásia foi o primeiro alvo das expedições, porém quase todas as rotas comerciais do Oriente existentes até então encontravam-se controladas pelos mercadores mulçumanos e italianos; a situação se agravou quando os turcos otomanos, mulçumanos, tomaram Constantinopla, em 1453, e fecharam aquele caminho de passagem para o comércio oriental. Portanto, era preciso romper esse monopólio encontrando outros caminhos possíveis entre a Europa e a Ásia.
A ampliação dos mercados, no entanto, só se concretizaria se fosse resolvida a crise financeira decorrente da escassez de metais, que provocou a redução da oferta de moedas e, ao mesmo tempo, contribuiu para impulsionar os Estados europeus rumo aos projetos expansionistas.
O apoio dos Estados nacionais modernos e a aliança entre o rei e a burguesia foram os principais responsáveis pela expansão marítima, pois somente um Estado centralizado conseguiria arrecadar e encontrar recursos necessários para concretizar o projeto expansionista. Isso foi feito, principalmente, por meio de arrecadação de impostos, pagos pela burguesia, que dispunha de recursos para investir nas empresas marítimas.
Portugal foi o primeiro país a reunir condições necessárias para se lançar ao mar: tinha um Estado centralizado e uma burguesia mercantil forte e disposta a investir na expansão.
Enquanto se desenrolava a expansão portuguesa, os reis católicos Fernando e Isabel, após organizarem o Estado nacional espanhol, investiram no projeto do genovês Cristóvão Colombo, que, pretendendo chegar a Ásia navegando em linha reta de Sevilha para o Ocidente, encontrou casualmente a América. Colombo chegou às Antilhas em 1492 e ainda fez outras três viagens à América, sempre acreditando estar em algum ponto da Ásia.
Em 1519, o português Fernão de Magalhães, trabalhando para a Espanha, iniciou a primeira viagem de circum-navegação da Terra.
Ao contrário dos portugueses (que permaneceriam explorando o litoral das terras que conquistavam), os espanhóis adentraram nas terras americanas, em busca de riquezas.
A corrida expansionista entre Portugal e Espanha resultou em um conflito diplomático pela posse das terras descobertas pelas duas potências. O impasse foi solucionado com o Tratado de Tordesilhas (de 1494), segundo o qual as terras encontradas seriam divididas por uma linha imaginária traçada a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde, sendo portuguesas todas as terras descobertas ou por descobrir que estivessem a leste da linha; à Espanha, caberiam todas as terras a oeste da demarcação.
Em 1498, Vasco da Gama, em nome da Coroa portuguesa, atingiu com sua frota o porto de Calicute, na Índia, contornando a costa da África.



CONSEQUÊNCIAS DA EXPANSÃO MARÍTIMA

As mais importantes consequências as expansão foram:
• O acirramento das disputas entre as potências expansionistas, principalmente depois da assinatura do Tratado de Tordesilhas;
• O deslocamento do eixo econômico do Mediterrâneo para o Atlântico, a valorização do capital comercial e da posse de metais e moedas e a acumulação de capitais na mão da burguesia europeia;
• A revolução comercial, que consistiu no fantástico crescimento da atividade comercial em todo o mundo;
• A revolução dos preços, isto é, uma alta generalizada dos preços, provocada pela grande quantidade de ouro e prata vindos da América espanhola;
• A cristianização do mundo pela ação catequizadora de missionários católicos (principalmente dos jesuítas) e pela chegada de protestantes à América do Norte;
• A montagem de estruturas e sistemas coloniais nas áreas conquistadas, a desarticulação cultural dos povos conquistados e modos de produção e pilhagem e saques de riquezas.