domingo, 21 de junho de 2015

A DEMOCRACIA DE PÉRICLES

O historiador ateniense Tucídides (460-396 aC) registrou um eloquente discurso de Péricles sobre a democracia. Leia a seguir.
Nossa forma de governo não se baseia nas instituições dos povos vizinhos. Não imitamos os outros. Servimos de modelo para eles.
Somos uma democracia porque a administração pública depende da maioria, e não de poucos. Nessa democracia, todos os cidadãos são iguais perante as leis para resolver conflitos particulares. Mas, quando se trata de escolher um cidadão para a vida pública, o talento e o mérito reconhecidos em cada um dão acesso aos postos mais honrosos.
Nossa cidade institui muitos divertimentos para o povo. Temos concursos, festas e cerimônias religiosas ao longo de todo ano. Isso tudo nos traz prazer de viver e afasta de nós a tristeza. Ao contrário de outros povos, que impõem aos jovens exercícios penosos, nós educamos a juventude de maneira bem mais liberal e amena. A coragem dos atenienses é fruto da alegria de viver, e não da obrigação de cumprir ordens militares. Não nos perturbamos antecipando desgraças ainda não existentes. Porém, no momento do perigo, demonstramos tanta bravura quanto àqueles que passam a vida treinando e sofrendo.

Usamos a riqueza como instrumento para agir, e não como motivo de orgulho e ostentação. Entre nós, a pobreza não é causa de vergonha. Vergonhoso é não fazer o possível para evitá-la.
Todo cidadão tem direito de cuidar de sua vida particular e de seus negócios privados. Mas aquele que não manifestar interesse pela política, pela vida pública, é considerado um inútil.

Em resumos, digo que nossa cidade é uma escola para toda a Hélade, e cada cidadão ateniense, por suas características, mostra-se capaz de realizar as mais variadas formas de atividade.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Aos brasileiros de memória curta e aos inocentes úteis


Quando digo que nas manifestações de São Paulo tem um grupo significativo de oportunistas políticos, não estou enganado e nem exagerando. Olhando as fotos e cartazes que circulam pela WEB, vi várias manifestações pró-impeachment da Presidente Dilma. Discordo veementemente. Primeiro porque vivemos num estado de direito, com instituições sólidas. Segundo porque Dilma Rousseff foi eleita pela maioria do povo brasileiro. Entendo que aqueles que não votaram nela não concordem com seu governo, mas há que se respeitar a vontade das urnas. Até porque nenhum ato da Presidente justificaria um impedimento legal. E principalmente, jovens empolgados, porque essas manifestações de hoje só podem acontecer graças à ação de brasileiros valentes, que há uns 40 anos, lutaram bravamente contra a ditadura militar. E naqueles tempos sombrios, as balas e as bombas da polícia não eram de “efeito moral” e nem de borracha. Brasileiros como Dilma Rousseff, Lula, José Dirceu, Carlos Lamarca, Marighela, José Genuíno, Fernando Gabeira e tantos outros, sacrificaram suas famílias, sua liberdade, sua juventude, para que hoje tivéssemos liberdade de gritar contra tudo que nos sufoca. Mas vejam que armadilha a política nos arma: a derrubada de Dilma Rousseff abriria um grande precedente para uma intervenção militar. Ou seja, aquela que sofreu com a prisão e a tortura pelo seu direito de protestar, seria derrubada pelo seu protesto, e graças a isso, o poder seria novamente entregue aos militares.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

A EDUCAÇÃO EM ESPARTA


A  polis de Esparta, fundada pelos dórios na Planície da Lacônia, caracterizava-se como uma cidade militarizada. Uma minoria dórica, denominada socialmente Esparciata, garantia seu predomínio na polis através do uso da força das armas. O cidadão esparciata era educado desde a mais tenra idade para a vida militar. Aos sete anos, meninos e meninas recebiam educação cívica. Aprendiam o amor e a devoção à Esparta. Aos doze anos, as meninas eram dispensadas da escola, e os meninos passavam a receber a educação militar propriamente dita: montar a cavalo, usar o arco e a flecha, lutas corporais e exercícios físicos. Aos 17 anos faziam o teste final, que os habilitava ao serviço militar. A chamada Kriptia era um teste de habilidade militar. Os jovens soldados deveriam caçar e degolar, munidos apenas de uma faca, o maior número de escravos que pudessem capturar. Como os escravos se defendiam da morte, sendo autorizados a matar o soldado para se defender, a prova servia a dois propósitos: diminuir o excesso de escravos em Esparta e ao mesmo tempo eliminar o soldado despreparado.

Uma vez aprovado na Kriptia, o jovem soldado passava a viver no quartel, levando uma vida regrada e sobrevivendo com apenas uma refeição diária, para se acostumar aos rigores de uma guerra. Aos trinta anos podia casar-se, e recebia da Polis um lote de terras com escravos (hilotas). Podia ainda participar da política, ocupando diversos cargos ou compondo Ápela, a Assembleia dos esparciatas. Aos sessenta anos aposentava-se do exército e poderia participar da Gerúsia, o Conselho de Anciãos de Esparta.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

A Lenda do Minotauro

Na mitologia grega, além de deuses e heróis (semideuses), existiam várias outras criaturas, muitas das quais formadas pela mistura entre seres humanos e animais. É o caso do Minotauro, o "touro de Minos". Minos pediu a Poseidon, o deus dos mares, que lhe ajudasse a tornar-se rei de Creta, pois o povo havia pedido um sinal de que Minos merecia o trono, e não seu irmão. Poseidon prometeu enviar um touro branco pelas águas do mar, mas em troca pediu que Minos o devolvesse, sacrificando-o e jogando-o novamente ao mar. Minos ficou tão deslumbrado com a beleza do touro que, após tornar-se rei, resolveu matar outro animal em seu lugar. Troca, no entanto, foi percebida, e o deus, enfurecido, fez com que a esposa de Minos, Pasífae, se apaixonasse pelo touro. Dessa paixão nasceu Minotauro, com corpo de homem e cabeça e cauda de touro. Com medo da criatura, o rei Minos ordenou a construção de um grande labirinto que se tornou a morada do Minotauro. A segunda parte do mito conta que o rei Minos, após ter um de seus filhos morto pelos atenienses, declara guerra a Atenas.
Vitorioso, exige que de tempos em tempos sejam enviados sete moços e sete moças atenienses para serem devorados pelo Minotauro. Teseu, filho de Egeu, rei de Atenas, decidido a acabar com tal crueldade, oferece-se para o sacrifício. Com a ajuda de Ariadne, filha do rei Minos que se apaixonara por Teseu, o herói ateniense entra no Labirinto, desenrolando um novelo de lã que Ariadne segurava na entrada da morada do Minotauro. Com sua força descomunal, Teseu, com um único golpe na cabeça, matou o Minotauro. Orientando-se pelo fio de lã, conseguiu sair do labirinto.


quarta-feira, 15 de junho de 2011

A Lenda da Guerra de Troia

A GUERRA SEM FIM (Guerra de Tróia)
A guerra de Tróia talvez nem tenha acontecido. Se aconteceu, a causa pode não ter sido o rapto de Helena. Como pode não ter existido o famoso cavalo de madeira que iludiu os troianos: quem sabe os gregos atacaram pelo mar.
"Quando a lenda fica mais interessante do que a realidade, publique-se a lenda". (John Ford, cineasta americano, pela boca do jornalista personagem do seu clássico O Homem que Matou o Facínora). Melhor exemplo dessa verdade não existe do que a Guerra de Tróia. Com seu cavalo fantástico, o rapto de Helena pelo apaixonado Páris, o herói Aquiles e seu calcanhar vulnerável, os deuses e as deusas do Olimpo assanhadíssimos, divididos entre gregos e troianos e fazendo, periodicamente, com que a sorte favorecesse um ou outro lado graças aos seus poderes divinos. Tudo isso está contado na Ilíada, poema épico de Homero, escrito aí pelo século IX a.C. Mais recente e quase tão fantasiosa quanto a lenda que pretende conferir, é a batalha travada há bem uns cem anos por historiadores e arqueólogos em torno do que haveria de verdade nos episódios narrados por Homero. A lenda conta que a guerra foi provocada pelo rapto de Helena, a filha de Tíndaro, o rei de Esparta. Helena era tão bonita, tinha tantos pretendentes, que seu pai já previa alguma coisa desse tipo, tanto que promoveu uma grande reunião de todos os interessados e obteve deles um compromisso: qualquer que fosse o escolhido por Helena, os demais se comprometiam a defender o casal contra as ofensas que pudesse sofrer.
Helena escolheu Menelau, que graças a essa preferência tornou-se, além de seu marido, rei de Esparta. E a vida correu feliz e serena até o dia em que Páris, filho do rei de Tróia, Príamo, conheceu Helena e por ela se apaixonou. Páris não tinha sido um dos pretendentes preteridos, não estava amarrado ao compromisso por Tíndaro, e fez o que era muito comum na época: raptou Helena e levou-a para Tróia. O gregos até que tentaram negociar e esquecer o episódio, mas os troianos não aceitaram. Assim, Agamenon, irmão do ofendido Menelau, convocou todos os antigos pretendentes à mão de Helena, lembrou-lhes o pacto de fidelidade e organizou a primeira expedição contra Tróia. Foram dez longos anos de luta em que a sorte ora pendeu para um lado, ora para outro. E acabou sendo Ulisses, um guerreiro grego sem nenhum poder extraordinário, a não ser uma cabeça fértil para inventar truques e expedientes, quem pensou no estratagema que os levaria à vitória: construir um grande cavalo de madeira, capaz de abrigar, em seu interior, alguns guerreiros.
Os troianos, que consideravam o cavalo um animal sagrado, recolheram o presente deixado diante do portão de suas muralhas, acreditando ser um reconhecimento da derrota por parte dos gregos, e passaram a noite comemorando a vitória. Os soldados escondidos dentro do cavalo aproveitaram a festa para sair, abriram os portões e Tróia foi invadida e destruída. Nasceu aí a expressão presente de grego